Chama-se Pornopopéia o maior responsável pelo meu sumiço absoluto destas linhas que vos escrevem. Um calhamaço muito provavelmente inapropriado para menores de idade, daqueles gostosos de se carregar pra cima e pra baixo quando acontece da gente grudar num livro sem conseguir largar até terminar. E quando termina, não consegue evitar pensamentos do tipo do “o que vai ser de mim agora”. Um puta livro, enfim, sem o perdão da palavra, porque se você tem alguma pretensão de mergulhar nas épicas horas do herói sem nenhum heroísmo ou caráter, puta é das mais leves que você vai encontrar.
Já faz mais de uma semana que aquelas páginas me abandonaram e insistiram, teimosas, em terminar, mas o vazio literário continua. Possivelmente intencional, depois daquela avalanche barroca de instantes dos quais fica impossível se desvencilhar. Pergunte a quem tentou falar comigo enquanto eu lia, gargalhando, e se irritou quando eu simplesmente não escutava me chamarem.
Tirando, obviamente, Benjamín, que me fazia fechar o livro sem tanta pena. (É recomendável ler o livro de Reinaldo Moraes concomitante às horas de sono do rebento, pois que se trata de dois entes, o rebento e o livro, que exigem plena atenção.)
Benjamín, que agora fala buuuuu apontando pra luz e auau pra toda e qualquer criatura viva não humana que se mova (borboleta, cavalo, pássaro e até cachorro), e emite os mais deliciosos e poéticos sons cujo sentido vamos existindo juntos.
E borboleta, cavalo, pássaro e cachorro significam que estivemos no sítio alguns maravilhosos dias, que nos deixaram com a vontade-semente de oferecer pro nosso amado sorridente mais amplidão cotidiana. Não é?