Porque dentro de três letras tão corriqueiras, cabe o infinito. Não: o infinito cabe fora delas; dentro fica o que, feito muro, o não limita. E muro pode ser pra impedir, pra cercar, proteger; separar desconhecido do conhecido; pra contornar, delimitar. Às vezes é o muro que define onde a casa começa. A casa começa no não.
E o não se bifurca, possibilidades do impossível: quando o mundo se inicia naquele infinito, o não aparece de dois jeitos.
O primeiro: não, porque o mundo pode te machucar. Não pode colocar o dedo na tomada. Não pode atravessar a rua sem olhar. Não pode pular do trocador. Anunciando a impotência antes que ela se faça dor.
O segundo: não, porque você pode machucar o mundo. Não pode quebrar a coleção de CDs do papai. Não pode rasgar as anotações da mamãe. Não pode arremessar a louça. Anunciando a potência pra que ela se reconheça.
É no não que se começa a poder. É no não que se percebe pela primeira vez a própria força.
(Mais uma vez, Guto, obrigada.)
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Benjamín agradece em notas musicais o lindo presente do amiguinho secreto Gabriel, do Eu e ele!
Benja e seu novo instrumento musical, com a mais que querida Le.