Antes de ser um, brotam de espasmos tuas metades – espasmos que a dor do prazer contrai, ex-pulsando do impossível o que, junto, vira ser.
Você de mim se faz então, de matéria invisível crescendo em corpo, e o suor do teu crescer te rodeia em dentro meu. Habitando-me ao te surgir, ser tua casa me faz casa. E arredondada me nasço enquanto, de novo, te ex-pulso.
Pra novo maior: mundo. Grito chorado choramos no instante em que esse vasto agora se dá. E abafamos com o leite úmido, que tece frases em jorrar-se, a palavra recolhida através de teus goles. Leite então é amor, até a hora de leite já não bastar. E pra amor ser ainda amor, te ex-pulso do meu peito e te recolho em meu colo.
Colho nos braços o que agora consiste na tua amplidão. Mas teu caber já logo não te serve, e preciso estender a casa que fiz pra você aqui perto colado pra perto alonjado. Ao alcance da vista, mas de novo ex-pulso.
E teu correr e ocupar ultrapassa as paredes do mundo que era o meu. Te amar é me recolher em ainda outra ex-pulsão. Só: eu sempre contigo, mas te ensinando a dar passos que nunca conheci, através de te deixar.
E você ganha mundo. Já não te vejo, já não te abraço, já não te alimento, já não te abrigo. Aí, já não existo. É teu próprio pulsar que te ex-pulsa agora; é tão vasto o novo vasto que não tem limite. Por isso finda, no rasgo da cisão do que se juntou naquele ex-pulsar primeiro.
(Nasceres, ou desde um futuro longínquo, ou a culpa eterna da mãe ou agradecimento ao Guto em forma dum dizer)
3 comentários:
Lindo, Natália...
Ser mãe é muito bom mesmo... mas assusta... ex-pulsa...
Bjs!!
Natalia..estou sempre por aqui...bebendo do leite e da prosa!
beijos em
Adriana
Lindo texto. Adoro seu jeito te escrever (já falei isso né, kkkk). Tô lendo vários posts de uma vez só para conhecer vcs!
bjos
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