Atenção: as palavras abaixo podem conter, para não-pais, conteúdo escatológico forte.
Um dia desses, enquanto trocava o novo cocô do Benjamín, percebi outra vez a astúcia da natureza.
O cocô dele, além de cheirosinho, era molinho, em volume na maior parte das vezes cabível na fralda e de consistência contornável com algodão molhado. E mesmo com esse cocô fácil, nas primeiras semanas eu conseguia sujar nós dois de cocô e lambuzar toda a roupa limpinha e as perninhas de hipoglos.
Desde que ele começou a comer papinha salgada, o cocô mudou. Agora tem cheiros diversos e esquisitos, sai de montão, é pastoso e pegajoso, muito pegajoso. Se eu molho o algodão pra limpar, espalho mais ainda. E tenho que limpar várias vezes pra tirar toda aquela tonalidade amarelada que fica a bundinha do meu filho. Isso, somado à destreza crescente do rebento, torna a tarefa trivial de trocar a fralda um desafio sempre maior.
E foi espalhando cocô por todo canto que pensei quão inteligente é a natureza por fazer com que os bebês comecem a vida com um cocô nível 1 de dificuldade, que só aumenta de nível conforme aumenta a habilidade dos pais para enfrentá-lo.
E ali, segurando pra cima as perninhas do meu filho, continuei devaneando e lembrando que essa esperteza da natureza eu já tinha vislumbrado no adiantado da gravidez, quando acordava umas quatro ou cinco vezes por noite pra fazer xixi e sabia que aquilo era só um preparo para as madrugadas que estavam por vir.
Ou quando recebia meus exames de sangue todos anêmicos, porque a sábia natureza, agora mais séria, prevê sangramentos no parto e deixa mais diluído o sangue que pode ir embora.sem dizer tchau.
Ou quando alguém pega no colo meu filho e constata em voz alta que ele está pesado, e eu num sorriso mudo sei que a natureza e sua perspicácia foram ajeitando os músculos do meu braço de acordo com o tamanho do meu filho, de modo que ele, pra mim, não pese nunca (por enquanto, mães de mais velhos, eu sei).
Ou lembrando de todo aquele inchaço associado a olheiras e cabelos disformes que me constituía logo depois do nascimento do meu filho, que faziam coincidir a impossibilidade de sair de casa e a necessidade de evitar isso a todo custo, poupando, assim, a vizinhança de cenas deploráveis.
Seria possível continuar enumerando ad infinitum as provas da astúcia da natureza (que é mãe, afinal de contas), mas meu Benjamín já estava com o bumbum limpinho e cheiroso, vestido, e não ficaria parado em cima do trocador pra eu continuar devaneando nem que a vaca tossisse.
6 comentários:
A-do-rei! Hahaha tem toda razão!
A natureza é sábia mesmo! E viva a blogsfera que nos permite falar de consistência de cocô sem ver a cara de nojo do ouvinte não-mãe!!!
Sim sou de SP e veja, também como toda boa paulistana acho que todo mundo da internet inteira mora aqui... hahahha!
Outro dia pensei em escrever para uma cyber-friend que mora em Cuiabá "o que você está fazendo nesse fim de mundo?" Só depois reparei que isso é muito bairrista e é óbvio, ela está lá porque mora lá...dã!
E a gente vai aprendendo a não prestar mais atenção no próprio umbigo. Esse é o ensinamento da primeira semana. Simbólicamente, temos que cuidar do umbigo do outro. Fofo né?
Bjo Na (olha que íntima, Na!)]
Tô adorando!
Anne
mammisuperduper.blogspot.com
Ah... que lindo. Que sempre lindo.
Quanta coisa a gente aprende, né? Quanta metamorfose!
E sobre o peso dos filhos... olhe só. Minha pequena pesa 25 quilos, o que é muito para uma mãe desmusculada como eu. Outro dia, quando ela chegou nos 40 graus de febre depois de ter tomado duas doses de antitérmico eu a peguei no colo e a carreguei por duas quadras até o hospital sem sentir peso nenhum. E olha que além dos 25 quilos tem toda uma dinâmica de braços e pernas enormes que nos tiram o equilíbrio. Portanto, fique tranquila. A gente aguenta por muito tempo.
Adorei Natália!! E sabe que esses dias eu tava pensando como que no início eu conseguia limpar tudo aquilo com chumaços de algodão? Agora só com lenço umedecido!
Hehehhe
Bjs
Natália, é por essas e outras visitas que a gente sente que vale a pena expor um pouquinho da nossa vida na rede, enfim, trocar. E quem sabe saber o muito que falta daqui e dai!
Vou saborear teu blog com calma.
Um beijo
Que lindo, amei!!
Preciso me preparar para o 'upgrade' do cocô da maria Flor... hehehe...
A natureza só podia ser mãe mesmo!!!
Bjs!!
Dan.
Oi Natália... Só vc para escrever sobre cocô com essas palavras que são muito mais de encantar do que de dar nojo. A-D-O-R-O!!!!!!!
E é incrivel como eu fui balançando a cabeça, afirmando cada linha que ia lendo! Como, sim, o nivel de dificuldade vai aumentado a medida que vamos pegando maior habilidade.. nossa como nunca pensei nisso?!
Só vc mesmo!
Ajudou a melhorar minha manha.. com cocô! rsrsr
Bjs
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